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Mianmar: a dança política do cadete e o xadrez neoliberalista

Era início da madrugada de segunda feira (01/02) quando os militares birmaneses anunciaram através da TV estatal que o controle do país agora estava nas mãos do exército. Min Aung Hlaing, comandante da brigada, havia transmitido o comunicado para as mais de 53 milhões de pessoas ao vivo, enquanto a líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, era presa juntamente com outros políticos de seu partido, em uma atitude que pegou todos de surpresa e fez chefes de estado do mundo inteiro condenar o ato anti-democrático.


Em carta escrita antes de ser detida, Suu Kyi afirmou que as ações dos militares colocaram o país novamente sob a ditadura. E pediu a seus partidários "que não aceitem isso" e "protestem contra o golpe". Mianmar, antiga Birmânia, foi governada pelas Forças Armadas até 2011, quando as reformas democráticas lideradas por Suu Kyi acabaram com o regime militar.


Para nos situarmos melhor sobre a situação, é preciso conhecer melhor este país, que até 1989 era conhecido como "Birmânia" ou "Burma". O país abriga várias religiões orientais mas a maioria de sua população é Budista. A tensão na região começou a aumentar em 2011 quando o país passou por um período turbulento, um outro golpe militar, acredite. O exército permaneceu no poder até novembro do ano passado, 2020.



Myanmar está localizado no sul da Ásia continental e sua capital é Naipidau.

O idioma oficial do país é o Birmanês e ele é considerado um dos países mais pobres do continente.




Esta é Aung San Suu Kyi, presidente do país até a última segunda feira. Ela é filha de um herói da independência de Mianmar e ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1991.

Fonte: AFP



Após as eleições democráticas ocorrida há três meses, os próprios militares afirmavam "irregularidades no sistema da suprema corte" e cercaram da noite para o dia os prédios do parlamento com soldados.


Nesta segunda feira, algumas horas depois da tomada de poder, quase todos os membros da Liga nacional pela democracia (NLD em inglês) condenaram veementemente o ato e incitaram líderes mundiais a fazerem o mesmo. Os Estados Unidos condenaram o golpe, dizendo que Washington "se opõe a qualquer tentativa de alterar o resultado das últimas eleições ou impedir a transição democrática de Mianmar".


O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu a libertação de todas as autoridades do governo e dos líderes da sociedade civil.


Um vídeo que agora está correndo pela internet é o de uma mulher birmanesa que aparece dançando em frente ao parlamento, cercado de militares armados, e com uma aparente despreocupação com a situação caótica do país naquele momento. Cômico se não fosse trágico.


assista ao vídeo aqui (https://www.youtube.com/watch?v=oj97jcYQf1o - Professora viraliza ao dançar com golpe militar ao fundo em Mianmar/ Rede BBC brasil)



O país se tornou pauta na mídia entre 2017 e 2018 quando a denuncia de uma perseguição étnica e religiosa foi apresentada no comitê de direitos humanos das nações unidas. As vítimas da barbaridade eram os Rohingyas.


Os rohingyas viveram por décadas no estado de Rakhine, sob políticas de discriminação racial parecidas com o Apartheid na África do Sul. Eles são majoritariamente muçulmanos originários da antiga Pérsia e desde 2011 vêm sofrendo com algumas medidas impostas por radicais Budistas. Eles são colocados em trabalhos forçados, não podem exercer uma profissão remunerada, não podem se casar com pessoas de outras etnias e não têm liberdade de protestarem contra qualquer tipo de coisa no país.


Nos últimos anos, milhares de rohingyas fugiram de Mianmar para a Malásia ou para a Indonésia. Outros decidiram seguir para Bangladesh.


Tudo o que aconteceu em Mianmar nos últimos três dias não passou de um "contra-golpe", afinal houveram duas tentativas de poder no país e uma concreta pois há dez anos, toda a constituição precisou ser alterada devido ao exercício militar nas forças políticas birmanesas, tudo lembra o que houve no Brasil em 1964 e no Chile, em 1973. Militares estão ganhando o título de "vilões da democracia" uma vez que sempre onde um governo forte cai, lá estão eles, prontos para armar a população, alterar a carta magna, matar o presidente eleito e muitas das vezes, colocar uma nação para jogar o famoso "xadrez neoliberalista", que nada mais é do que a defesa desses mesmos soldados a redução estatal na economia e a aceitação de um novo regime sob moldes americanos/ingleses.


A história naquele país pode ser mudada, no entanto levará um tempo para a população aceitar o fato de que estão na linha de frente entre a democracia e a tirania, algo que assola os Birmaneses desde muito tempo, nada mudou com a conquista da independência deste país. É o claro exemplo de lugar que não conheceu as verdadeiras virtudes da diplomacia e muito menos da tolerância já que mantém uma dívida até hoje com os seus mais de 200 mil refugiados, e talvez esse seja o castigo dos velhos tempos para ensinar, mesmo que de forma dura, o que de fato é necessário para conquistar a luz do progresso.



Fontes de apoio:

* https://www.politize.com.br/mianmar-crise-humanitaria-contra-rohingyas/ (entenda o que está acontecendo com os Rohingyas)



Por: Lybia Abaaoud/Beatriz D'angelo


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