Com a onda de protestos que varreram o mundo árabe no inÃcio de 2011, a LÃbia era o único paÃs do norte africano que acreditávamos que permearia entre a estabilidade e a diplomacia, mas era tudo uma mera ilusão. Em outubro do mesmo ano, extremistas apoiados pela França, Estados unidos e Arábia Saudita assassinaram o então lÃder Muammar Gadaffi que governava a nação desde a década de 60, eles clamavam por mais liberdade e mais abertura comercial em um lugar que estava prestes a ser dominado pelas amarras que chefiavam o mundo ocidental. Era o inÃcio de um longo e perigoso rumo que a LÃbia iria tomar.
O paÃs vive agora uma instabilidade fora do normal, quase 6 milhões de pessoas desempregadas, o avanço de grupos terroristas no norte e duas milÃcias rivais disputando o poder. A LÃbia desde 2011 não estabeleceu um novo governo formal e sequer apresentou uma nova constituição para o paÃs.
Os dois principais grupos em disputa pelos cargos da nação são o Exército Nacional LÃbio, apoiado pela Rússia e pelo Egito e a União Nacional, apoiada pelo Catar e pela Turquia. Ambos os grupos que celebraram a morte do ex coronel, agora pairam nos desertos do paÃs para tentar forjar um novo golpe que impede os militares (ex comandantes de Gaddafi) de ficarem legitimamente no poder. O paÃs vive seu pior momento em mais de cinquenta anos.
Na época de Gadaffi, o paÃs era referência em educação, saúde e mantinha uma rica produção de petróleo, hoje, está afundado no contrabando de armas e drogas que muitas vezes servem para favorecer o trabalho escravo de alguns migrantes que passam pelo paÃs, rumo à Europa. A violência e o tráfico de mulheres aumentaram significativamente e o avanço do Estado Islâmico preocupou a todos em 2015 quando alguns cristãos de origem copta começaram a desaparecer misteriosamente e dias depois apareciam mortos em vilarejos no interior do paÃs.
Os terroristas, que se aproveitam do caos deixado na LÃbia desde a queda de Gaddafi, fazem questão de filmar suas atrocidades cometidas contra a população e ainda disputam um espaço nesse xadrez polÃtico para restabelecerem o seu tão sonhado "califado". Estima se que hoje existam cerca de quatro mil combatentes do ISIS no paÃs, a maioria se encontra nas periferias da cidade de Derna, ao norte. Eles disputam terreno com a antiga aliada, a rede Al Qaeda, que já mantivera bases de treinamento para terroristas na LÃbia e de onde saÃram quase metade dos ex membros da "Irmandade Muçulmana", hoje, baseada no vizinho Egito.
O ex comandante e presidente da LÃbia, Muammar Gaddafi, foi morto na cidade de Sirte, em outubro de 2011. Dias após a sua morte, rebeldes já disputavam o controle pela capital, TrÃpole, e fazia o paÃs mergulhar em um caos.
Fonte: The Time.
Pobreza, miséria, violência, terrorismo e desestrutura são os problemas que atingem ferozmente os LÃbios hoje em dia, aqueles que pensaram que após a morte de Gaddafi se veriam livres da ditadura que eles condenavam e progrediriam economicamente, falharam de forma trágica, são aqueles que aprenderam a usar armas com os soldados franceses que interceptaram o norte do paÃs em 2011, eram jovens fardados a miséria. As potências ocidentais, como sempre, fomentaram a fúria nos povos árabes e saÃram como se nada tivesse acontecido, prometendo estabilidade, justiça e "salvação" para populações que acreditavam viver em um regime brutal. Qualquer semelhança com o Iraque de 2003 é mera coincidência.
Não é possÃvel falar de paz hoje na LÃbia, apenas de guerra, as crianças com menos de dez anos já aprendem que a matemática deles é saber somatizar o maior número de munições possÃveis para serem colocadas em armas diversas enviadas pelos "civilizados". A geografia LÃbia é conhecer o território inimigo, apenas para se preparar para o ataque, as aulas de idioma hoje, servem para gritar palavras de ordem, regresso e cânticos religiosos. Porém a história, bem, essa serviu para preservar Muammar Gaddafi na memória do povo LÃbio, não importa se de maneira negativa ou positiva, o lÃder árabe que regeu o paÃs a mão de ferro e em nome do socialismo árabe, agora mostra que sem sua presença fÃsica, a LÃbia se desmoralizou por quem jurava que a colocaria de volta "no topo do mundo".
Por: Lybia Abaaoud/ Beatriz D'angelo