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Líbano: uma tragédia anunciada?

Na última terça feira (04), por volta das 18hs, hora local, 12hs no Brasil, uma mega explosão aconteceu em uma região portuária de Beirute, capital do Líbano, matando mais de 150 pessoas e ferindo outras 5 mil. Noticiários do mundo inteiro voltaram suas câmeras para registrar o possível acidente que em poucas horas, entraria para a história daquele país árabe. Mas o que realmente estaria por trás daquele trágico acontecimento?

Alguns dizem que foi acidente, outros afirmam que foi algo proposital, já que atingiria um enorme número de pessoas, e até mesmo a hipótese de que Israel estaria envolvido no fato, foi levantada, porém a verdade é que nada sabemos do ocorrido e provavelmente nunca saberemos uma vez que a mídia só volta sua atenção para o Líbano, quando algo dessa dimensão acontece.

Hoje cedo, o presidente da França, Emmanuel Macron, visitou Beirute e prestou solidariedade ao povo Libanês, especialmente aos familiares das vítimas.



Assim ficou o local da explosão na zona portuária de Beirute, capital do Líbano

foto: Hussein Malla/AP


Mas para quem conhece de perto esse país repleto de belezas e que tem o Brasil como referencia já que hoje temos mais de 10 milhões de Libaneses por aqui ( mais do que no próprio Líbano ), nunca imaginaria que mais um desastre pudesse afetar esse povo novamente. O país já enfrentou 15 anos de guerra civil, quase perdeu parte de seu território para Israel, viu até agora 68 pessoas serem vencidas para a COVID-19 e desde o fim do ano passado vem passando pela pior crise econômica e política de sua história.

O Líbano sempre foi uma panela de pressão prestes a explodir e todos sabiam disso. Atualmente, 50% dos Libaneses vivem abaixo da linha da pobreza, um em cada quatro não tem emprego e os que têm, viram os salários perderem 90% do poder de compra desde o início de 2019, as taxas de suicídio aumentaram e o sistema bancário do país começou a apresentar escassez de dólares e variações cambiais repentinas, o que fez o turismo no Líbano diminuir bastante esse ano (2020). Inflação, crise bancária, problemas com os vizinhos Israelenses e cortes de eletricidade diários são coisas que afundam também a classe média Libanesa, que sofre com a falta de serviços básicos, principalmente na capital, Beirute.

Em outubro do ano passado, o então primeiro ministro Saad Hariri, filho do ex magnata Rafik Hariri, morto em um atentado terrorista em 2005, assinou sua demissão do cargo após suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro, o que fez a população se revoltar e sair às ruas em um dos maiores protestos já visto no Oriente médio desde o início da primavera árabe em 2011.

Porém com a chegada da pandemia e as mortes por COVID subindo freneticamente pelo mundo, o Líbano se viu encurralado, quem tomaria a frente do país nesse momento tão delicado? de onde os Libaneses tirariam dinheiro e algum tipo de renda para se manterem seguros em quarentena? Israel, EUA e Arábia saudita prometeram ajudar, inclusive depois da mega explosão que ocorreu em Beirute na última terça feira, mas é possível se esperar algum tipo de ajuda econômica ou de saúde de países que só esperam uma guerra e a destruição do Líbano? Israel, por exemplo, faz questão de manter sua marinha trafegando por águas libanesas esperando o momento certo para realizar o seu "sonho de expansão". Os Libaneses conseguiram frear o avanço perigoso do coronavírus mas não a revolta de sua população.

O Líbano já era sim uma tragédia anunciada e será por um bom tempo, pois entre os escombros e a fumaça negra hoje espalhados pelo seu território, ainda reside uma pobreza, uma miséria, uma insatisfação que toma conta daquele país, então não basta uma reconstrução apenas material em Beirute, pois o objetivo não é mostrar apenas a beleza dessa nação, mas reconstruir também a economia, mudar o sectarismo político do Líbano, apresentar perspectivas para quem aspira só pelo básico e dar esperança para um país que um dia, também já foi uma para Sírios, Palestinos e Iraquianos que fugiam dos horrores das guerras e do terrorismo, mas encontraram no Líbano, a possibilidade de um futuro mais digno e de paz.


Por: Lybia Abaaoud/ Beatriz D'angelo


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