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Egito: 10 anos depois, democracia no país permanece inalcançável e a crise interna cada vez pior

Tudo começou em janeiro de 2011, mais precisamente na capital do Egito, Cairo. Cerca de cem mil manifestantes foram às ruas, se reuniram na grande praça Tahir, centro da cidade, para protestar contra o desemprego, os baixos salários, a falta de moradias dignas e também a falta de liberdade de expressão, coisas que assolavam o país desde 1981. As manifestações começaram pacíficas, via se jovens entre 17 e 30 anos protestando, erguendo cartazes, fazendo cânticos patrióticos e rezando nas ruas, mas tudo aquilo acabou alguns dias depois, após uma forte repressão policial exigida pelo então presidente Hosni Mubarak.


A população demonstrava sua insatisfação através das redes sociais, mas nem sempre aquilo parecia seguro. Havia medo, instabilidade, corrupção e violência policial para todos os lados. Quem sobreviveu a isso, dava relatos aterrorizantes.


Em 11 de fevereiro do mesmo ano, às 18hs, o coronel Mubarak afirmou que renunciaria ao cargo e que passaria o comando do país ao conselho supremo das forças armadas, da qual o Egito nunca mais se veria livre e todo aquele esforço e sonho iniciados em 2011, havia ido por água abaixo.


A violência policial aumentou significativamente após a crise resultante da primavera árabe e a repressão àqueles que emitiam opiniões contarias ao novo governo acontecia até mesmo ao ar livre, nem mesmo as crianças escapavam. O país das pirâmides em pouco tempo se transformava literalmente em uma "terra sem lei" e a censura, ao invés de ser diminuída, só aumentava. Dados da ONU que foram projetados em 2014, três anos depois, mostravam que 90% das mulheres egípcias haviam sido expostas a algum tipo de assédio ou abuso sexual após a confusão interna no país.


As autoridades egípcias usam regularmente acusações infundadas de “terrorismo” para prender defensores dos direitos humanos e submetê-los a medidas punitivas sem julgamento, de acordo com a Amnistia Internacional. Algumas estimativas também mostram que cerca de 60.000 presos políticos estão atualmente detidos, sem qualquer motivo grave.


  • PARA ASSISTIR:

( https://www.youtube.com/watch?v=dV9x_0eBuVg ) Praça Tahrir, 18 dias de uma revolução inacabada.

No doc. um jovem egípcio usa a própria câmera para ir às ruas e mostrar de perto a revolta da população contra o presidente Hosni Mubarak e também a repressão policial durante os atos.




O presidente e general egípcio, Hosni Mubarak, presidiu o país por exatos 30 anos até renunciar em 2011. Mubarak era um político centrista e faleceu em fevereiro de 2020.



Entre os anos de 2012 e 2013, um nome era apresentado como a possível "salvação" do país, Mohammed Morsi, filiado ao partido político ultra conservador chamado Irmandade Muçulmana. A mesma havia sido fundada no país em 1929 por Hassan Al Banna e tinha como objetivo fazer com que os países islâmicos virasse uma terra onde a Sharia (lei religiosa) era aplicada com rigor e sem outras interpretações. Sim, era uma organização fundamentalista e não tinha um apoio massivo da população egípcia, que os via como uma ameaça.


Na década de 1940, a Irmandade Muçulmana já contava com mais de 500 mil membros. Uma das características deste período foi a luta contra a presença de influência estrangeira europeia no Egito e o projeto de construção de um califado (estado isâmico inspirado nos primeiros herdeiros do profeta muçulmano, Mohammed), que unificasse as nações árabes. Em 1948, a Irmandade Muçulmana participou da guerra contra Israel. Entretanto, neste mesmo ano tentou um golpe de estado contra a monarquia egípcia, que foi rechaçado pelas forças do governo.


Atualmente a organização é sediada no Cairo, mas tem bases na Arábia Saudita, Síria, Jordânia e Palestina, onde apoia financeiramente grupos terroristas, geralmente filiados à Al Qaeda.


Hoje, a crise política e econômica toma conta do Egito. Quem está no poder é o coronel e ex militar (como sempre) Abdel Fattah al Sisi e ainda existem protestos na capital do país pedindo o fim da intervenção das forças armadas no governo do país. A censura obviamente ainda existe e o Egito aparece na posição 166 entre os 179 países que mais reprimem a liberdade de imprensa. Esses dados são da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).


O Embaixador do Egito nos EUA, Motah Zahran, afirma que o país conseguiu atingir os índices macroeconômicos mais altos entre os mercados emergentes antes da crise do COVID-19, especialmente na contenção do desemprego e da inflação, um crescimento de 6% no mercado econômico foi observado nas últimas semanas mas isso não foi o suficiente para tirar os egípcios de uma crise que parece infinita.


Zahran também menciounou que o Egito pretende ser um centro de energia na região do Norte da África, ao mesmo tempo que visa garantir 50% de suas necessidades de energia por meio de recursos renováveis ​​nos próximos anos, o que pode ser uma novidade para as relações com países como o próprio EUA e o Brasil.


Apesar disso tudo, é preciso lembrar que ainda falta muito tempo para o mundo árabe digerir todas essas necessidades e traumas provocados pela primavera árabe, ou a tal "grande revolução", que na verdade só causou mais sofrimento aos povos da região. É necessário também estudar a complexidade desses assuntos e de como ele afetou cada país para traçar um panorama que pode definir um futuro bom ou ruim para cada nação afetada. No caso do Egito, esse panorama nem se quer existe pois eles saíram de uma tempestade para enfrentar o furacão e sem qualquer chance de se defenderem, essa é a realidade deles em 10 anos.



Por: Lybia Abaaoud/ Beatriz D'angelo


Fontes de apoio:



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