A Crimeia é uma provÃncia semiautônoma da Ucrânia localizada na região sul do paÃs, em uma penÃnsula situada à s margens do Mar Negro. Trata se de uma zona que, apesar de estar em fronteira com a parte sudoeste do território Ucraniano, pertence e sempre pertenceu a vizinha Rússia, sendo até 2014 um ponto de disputa acirrada entre essas duas ex nações soviéticas.
O principal valor estratégico da Crimeia é, sem dúvida, a sua posição geográfica. A região representa uma saÃda importante para o Mar Negro, que é o único porto de águas quentes da Rússia, além de garantir que hoje, o governo russo possa gerar uma boa fonte de economia para a Ucrânia transportando seu gás natural, que tem um canal situado ao sul da penÃnsula, e também a exportação de grãos, vinhos e produtos alimentÃcios, que ajudam a gerar parte da renda anual do continente europeu.
Localização da Criméia no mapa acima. A capital da provÃncia é Simferopol
Fonte: InfoEscola
A situação hoje na região permanece tensa por alguns motivos polÃticos e econômicos envolvendo esse pequeno pedaço de terra nos confins do Leste Europeu. Em 2013, manifestantes foram à s ruas de Kiev, capital da Ucrânia, protestar contra o então presidente, Viktor Yanukovych, que se recusou a assinar um acordo com a União Européia para abertura comercial e de mercado, fazendo com que o paÃs ficasse cada vez mais alinhado à Rússia e sua poderosa economia herdada de tempos soviéticos.
Com as manifestações fervilhando em decorrência do acordo, da desigualdade social, do desemprego e do sucateamento dos serviços socias, policiais e militares saÃram à s ruas e houve violência estampada nos dois lados, milhares de pessoas ficaram feridas após a tentativa de contenção da policia local e de grupos radicais de extrema direita, que se aproveitaram da crise para exigir um governo ultra nacionalista e xenófobo.
Com a tentativa de golpe e abuso de poder, Yulia Tymoshenko, também ex primeira- ministra, foi detida e parte de seus seguidores, apoiadores da Falange Ucraniana (célula da extrema direita no paÃs) saÃram à s ruas novamente para lutar contra os soldados russos que já estavam a postos na região sul do paÃs. Tempos depois, a região foi finalmente anexada à Rússia, realizando assim, parte do desejo de 80% de Crimeanos.
O problema é que a tensão continua por lá, já que alguns grupos, especialmente os anarquistas, não aceitam o referendo que havia sido feito de maneira justa e armaram soldados ucranianos com a ajuda bélica dos EUA para lutarem contra militares russos que formaram bases no território em 2014. Putin ainda se preocupa em manter, ao menos até o fim de seu mandato, a penÃnsula intacta contra qualquer tipo de invasão estrangeira ou ataque fascista.
Até este ponto, já fica claro que a Rússia tem autonomia total sobre o território da Crimeia por vários motivos.
Desde o século XVIII, a Ucrânia fazia parte do território do Império dos czares russos e assim foi até a Revolução Bolchevique de 1917. No ano posterior, a Ucrânia conseguiu sua independência e setores sociais ucranianos foram fundamentais para a derrota das tropas do Exército Branco, que pretendiam acabar com o processo revolucionário. No entanto, foi em 1924 que a então República Socialista Soviética da Ucrânia aderiu à União Soviética e nessa estrutura permaneceu até o colapso do bloco comunista em 1991. Apesar de terem conseguido uma intensa industrialização na órbita soviética, os ucranianos vivenciaram perÃodos de graves problemas sociais, especialmente após a chamada "era da fome", onde o povo ucraniano foi condenado a literalmente morrer de fome pelo regime Stalinista depois de mostrarem resistência a algumas medidas tomadas pelo lÃder soviético.
A independência em 1991 fortaleceu também as tendências polÃticas nacionalistas, que tentam afastar o paÃs da influência russa. O curioso é que 60% da população da Criméia é de origem russa, fala o idioma e mantém dentro de suas casas a cultura de seus antepassados russos, porém depois de um tempo foram forçados a abandonar seus costumes em detrimento de uma polÃtica segregacionista e racista aplicada pelos ucranianos em tempos onde o comunismo pairava pelo Leste da Europa. Isso ajudou a dar origem a grupos extremistas e pró ocidente, que aceitam até mesmo ajuda financeira e bélica dos americanos para dar continuidade ao seu plano de extermÃnio da cultura russa no paÃs.
Quando Putin tomou a iniciativa de anexar a região, aliviou anos de tensão entre os dois paÃses, tranquilizou quase metade da população que adere aos costumes russos e também deu um "Boom" na economia local, que sempre dependeu da Rússia. De 2016 até o último ano, a economia cresceu em 18% devido ao aumento do turismo na região e a exportação de gás para o continente europeu.
Putin finalizou a construção de uma ponte que liga a Rússia e a penÃnsula na cidade de Kerch, uma das mais ricas da Criméia, ajudando assim, a passagem de importações e o deslocamento de quem mora entre os dois polos.
O que alguns chamam de "invasão" ou "imperialismo oriental", é na verdade um contra golpe ao governo que tentou destruir as relações entre os dois paÃses e também a segregar cada vez mais a população que optou por devolver a Criméia para os seus devidos "donos". Stalin também tentou tirar a autonomia da região e formar ali, bases para seus militares torturem ucranianos que discordavam de seu regime totalitarista, além de desviar os poucos recursos que ali chegavam para fins bélicos. A região agora passa pelo pior momento da pandemia que assola o mundo mas mantém firme a certeza de que finalmente podem se sentir mais livres.
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Por: Lybia Abaaoud/ Beatriz D'angelo