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Como as democracias morrem?

Como o senso de modelo democrático para o mundo morreu na última quarta feira (6) nos EUA?

Foi o que o mundo se perguntou naquela tarde de 6 de janeiro, enquanto assistia as imagens de vândalos, carregando bandeiras da nação e gritando frases de ordem e pró Trump, o presidente que entrou para história dos estados unidos como aquele que "não conseguiu aceitar a derrota". No mesmo dia, o congresso que foi invadido estava presidindo a sessão que confirmaria a vitória de Joe Biden, que tomará posse no próximo dia 20. O incidente deixou 5 mortos e vários policiais feridos, a invasão também foi condenada por políticos e chefes de estados no mundo inteiro e foi uma quebra na arrogância de muitos que acreditavam que a democracia americana era inabalável.


Aqueles manifestantes só estavam alí por um propósito, afinal, nunca na história moderna dos EUA o prédio mais vigiado e bem protegido do país sofreu uma invasão como a que vimos nesta semana, na mesma manhã, o presidente Donald Trump, havia incitado que seus apoiadores marchassem até o capitólio e impedissem que a contagem de votos fosse continuada, sobrou até para o vice dele, Mike Pence, que estava na assembléia.


O assunto casa com o livro e best-seller do New York Times, "Como as democracias morrem", escrito por dois conceituados professores de Harvard, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. O intuito é analisar como regimes democráticos no mundo moderno conseguiram perder a sua soberania e caminhar para ditaduras terríveis, como foi o caso da Venezuela e da Turquia. O livro foca na história dos EUA que parecia estar prevendo que seria durante o governo Trump que a idéia de democracia exemplar cairia por terra para muitas pessoas, e eles não estavam errados... o material foi publicado em 2018 e agora, três anos depois, o mundo testemunhou o que esses dois autores havia alertado.


A crítica de como as democracias morrem é extremamente imparcial e conversa com todos, tomando de exemplo claro, os estados unidos. Os professores, após muito tempo de pesquisa e observação de diversos regimes autoritários pelo mundo, conseguiram concluír quatro tópicos que acendem um alerta para reconhecermos um líder/presidente com tendências autoritárias, pode acreditar que na maioria das vezes esses líderes chegam ao poder já com o intuito de mudar a constituição do país e comandar a mão de ferro.


CUIDADO SE:


*ao chegar ao poder, esse líder rejeita, em palavras e ações, as regras democráticas do jogo. Isso pode acontecer quando ele pretende cancelar eleições quando sentir que não será reeleito, quando perde, afirma que as eleições foram fraudadas, mesmo que sem provas. Quando ele incita que seu adversário é um ameaça para seu país, especialmente usando termos como "terrorista" e "comunista". E quando ele afirma que as emendas da constituição devem ser mudadas para "o bem da nação", formalizando assim, as suas próprias regras.


*Negam a legitimidade de seus oponentes políticos. Isso é muito perigoso pois esse líder começa a ver os seus oponentes e qualquer um que discorda dele não mais como um adversário, e sim como um inimigo. Ele faz ataques ao seu oponente falando de sua intimidade e de sua vida pessoal e sem fundamentos, descreve seus rivais como criminosos e até os acusam de serem agentes estrangeiros, causando medo na população eleitora.


*Toleram e encorajam a violência. Isso se dá quando o líder é ligado a alguma gangue ou milícia armada, defende abuso de autoridade por parte de militares e da polícia, elogia torturadores e ditadores sanguinários, patrocinam ou estimulam ataques contra seus oponentes e defende qualquer tipo de ataque aos direitos humanos, como o incitamento ao racismo, a LGBTfobia e a xenofobia, sempre acusando os estrangeiros de serem perversos.


*Dão indicações de disposição para restringir liberdades civis de oponentes, inclusive a mídia. Que nós, jornalistas somos os primeiros alvos de regimes e líderes autoritários, isso não é novidade para ninguém, porém muitas das vezes esses ataques são implícitos e vêm de forma discreta. Líderes autoritários não gostam de ser lembrados que são autoritários, por isso rejeita e=ou critica ferozmente jornalistas que falem contra ele, ameaça processar um veículo por qualquer matéria que ele não o agrada,apoia leis que restrinja liberdades individuais e também incita ataques à comunicadores por parte de seus manifestantes.


Os autores também lembram algo interessante, que está presente na página 88 de seu livro.

"autocratas eleitos com frequência tentam silenciar figuras culturais e que prezam pela democracia social -- artistas, intelectuais, estrelas pop, atletas, cuja a popularidade ou postura moral faça deles ( ditador ) uma ameaça".



apoiador de Donald Trump sobe em carro da polícia do congresso durante a invasão do prédio.

Fonte: Alex Edelman/AFP



Depois de tantas notícias e cenas que nos fazem duvidar se nossa democracia está segura, é possível chegar à conclusão de que ninguém está seguro e nenhum país está totalmente livre de vândalos que permitem atos como esse. Nenhum líder deve ser colocado em uma posição divina, como é o que acontece hoje em alguns lugares e representa um perigo para a construção de uma soberania saudável, talvez se as pessoas conseguissem pensar por si próprias e soubessem distinguir aquilo que é certo e errado, não teriam topado com a idéia de invadir um congresso que jamais iria mudar o resultado de uma eleição que ocorreu de forma democrática. Será que Donald Trump ligou para as famílias dos seus apoiadores que foram mortos durante a invasão? bem, ele nem deve saber seus nomes. Mas esses apoiadores só estavam lá porque ele (Trump) "mandou".


A falta de cultura política e ética desonra qualquer democracia e confiança em regimes futuros, é infelizmente devido à isso que muitos perdem a vontade de fazer parte de eleições e construir opiniões com base na mesma, já que não teve essa bagagem anteriormente. É preciso reeducar as pessoas e combater a intolerância em todos os ramos, pois já vimos o quão grave ela pode ser. Como as democracias morrem não é apenas um ensaio sobre o fim do mundo moderno e de seus pilares mais básicos, mas o começo do que deveria ser esse mundo e da reconstrução de seus pilares mais básicos.



Por: Lybia Abaaoud/Beatriz D'angelo.



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