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Chile: Qual o futuro dessa mais nova nação democrática?

Em Outubro de 2019, o mundo conhecia uma outra face daqueles que viriam a ser "os jovens da nação", pequeno grupo de revolucionários latino americanos que se uniram contra uma decisão do governo em aumentar as tarifas de transporte público e seguir com uma política liberalista no intuito de levar o Chile à falência. Na mesma semana, a Hashtag #EvasionMasivaTodoElDia (evasão massiva o dia todo) convocava as pessoas à irem para as ruas e protestar por melhores salários, melhores leis para os menos favorecidos e também por tarifas menos absurdas, parecido com o que aconteceu no Brasil em 2013. O que era para ser uma manifestação pacífica, tomou outro rumo quando muita gente, insatisfeita com o atual governo chileno, levantou a bandeira pelo fim da constituição que governa o país há 40 anos, a mesma que oprime e tortura opositores e leva jovens a prisão por contestar as propostas do presidente.

No último dia 25, um referendo foi aprovado por 78% de votos (somados os de parlamentares e os populares) para mudar a constituição vigente desde a ditadura de Augusto Pinochet. A convenção terá entre nove meses e um ano para trabalhar em um texto que delineará um novo modelo de país e que deverá estar pronto em junho de 2022. Um dos nós de maior tensão, que já se debate entre os constituintes, será a discussão sobre os direitos sociais.

Tudo começou em Setembro de 1973, Quando os soldados, liderados pelo então militar Augusto Pinochet, lideraram um golpe de estado, tirando do poder o presidente Salvador Allende, elegido democraticamente pelo povo. Após o estabelecimento de um regime de terror, a ditadura chilena contou com mais de 3 mil mortos, 40 mil torturados e centenas de exilados, além de uma censura intensa da mídia e a repressão de opositores. Pinochet permaneceu no poder até o ano de 1998 e só saiu em decorrência de sua saúde, já fragilizada, porém a constituição, elaborada por ele em 1980 (muito similar ao nosso AI5) declarava que ele poderia se manter em um cargo vitalício até 1988. No entanto, após a abertura de um novo referendo, 56% dos chilenos optaram pela não continuidade de seu governo, mesmo assim, o general permaneceu no cargo. Pinochet morreu em 2006 e seus crimes nunca foram julgados diretamente, já que seu atestado declarava "debilidade mental". Atualmente, cinco milhões de Chilenos já votaram para uma nova carta magna que reformulará a constituição de Pinochet, isso representa mais de 80% da população do país latino americano, que agora, tem até 2022 para entregar ao povo, uma nova esperança por dias melhores, dias mais democráticos. Podemos dizer que grande parte dos chilenos, estão satisfeitos com os novos rumos que, graças a voz do povo, o governo do Chile tomou e até mesmo aqueles que concordavam com as idéias Pinochetistas, dão um voto de confiança para esse novo marco histórico na América latina.



"Desperte Chile, a ditadura continua e ela se chama Neoliberalismo", diz o cartaz carregado durante as manifestações em Santiago.

fonte: Ivan Alvarado/ Reuters


Muitas pessoas ainda ousam acreditar que o Chile seja uma ditadura, mas sim, ela é uma ditadura Presidencialista, atualmente governada por Sebastián Pinero, que ordenou a prisão e a tortura de jovens que protestavam contra a constituição regente, entre as imagens que chocaram o mundo em Setembro desse ano, um manifestante de 16 anos foi atirado de uma ponte em Santiago por um militar, enquanto os protestos pegavam fogo em plena luz do dia, o rapaz sobreviveu mas teve sequelas graves.

A nova carta magna prevê eleições diretas e pela primeira na história, povos originários (Indígenas) poderão participar das votações. Porém, vale lembrar que essas novas mudanças fazem parte de uma união entre Centro Esquerda e jovens Marxistas que também querem derrubar uma política macroeconômica liberalista no Chile, que nos últimos anos, tem prejudicado severamente seus cidadãos,como por exemplo, as altas taxas cobradas pelos hospitais, filas gigantes para conseguir vaga em um centro cirúrgico, aposentadoria mal formulada para os idosos (muitos morrem exercendo suas profissões) e falta de oportunidades para aqueles que desejam ingressar em uma universidade. Para se ter uma idéia, No Chile, a aposentadoria é administrada pelas AFPs [Administradoras de Fundos de Pensão], com fundos que são investidos em aplicações financeiras. As primeiras gerações chilenas a se aposentar pelo sistema se depararam com o valor de aposentadoria abaixo do salário mínimo.

As políticas neoliberais implementadas no país, onde até as águas (pasmem) são privatizadas, geraram uma desigualdade histórica profunda mesmo no período democrático, com um novo governo, os chilenos terão direito ao empreendimento sem a interferência do Estado, reforma agrária urbana, sanitária e educacional. 96% da população Chilena é alfabetizada, o número começou a crescer durante o regime do ex presidente, Salvador Allende.

É possível e importante ressaltar que essas mudanças que estão tomando conta da América Latina hoje, são frutos de longos e duros períodos, marcado por repressão e onde principalmente a Esquerda era banida de todos os espectros políticos e sociais, sem ao menos uma chance de manter firme as suas ideologias. Chile, Bolívia, Colômbia, Argentina e Brasil, são exemplos daquilo que não devemos esquecer, em alguns lugares essa batalha já foi vencida, como na Argentina e na Bolívia mais recentemente, agora o Chile já está se encaminhando para dias melhores e para conhecer um mundo que eles desconhecem desde a década de 70, o mundo da Democracia. A economia Chilena hoje é uma das melhores do continente porém com falhas graves no sistema, típicos de estados neoliberais e capitalistas, com a ascensão cada vez mais forte da Elite e a decadência cada vez mais vigente e imprescindível da classe trabalhadora.


"Podem cortar todas as flores, mas jamais podem conter a chegada da primavera."

Pablo Neruda, Poeta e revolucionário Chileno


Por: Lybia Abaaoud/Beatriz D'angelo


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PARA SABER MAIS:


* https://www.youtube.com/watch?v=LRl8YJn7qRo (Canal reVisão - a história da diratura no Chile)

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