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Belarus: os dois lados de uma mesma moeda

Uma pequena república no Leste da Europa, um país com cerca de 9 milhões de habitantes e um homem no poder desde 1994. Essa é a Bielorrússia, ou República de Belarus, uma nação eslava que há uma semana vem tomando conta dos noticiários devido a grande onda recente de protestos de um povo que pede por mais liberdade, menos censura e uma renúncia imediata do ditador Alexander Lukashenko.

As manifestações estão sendo lideradas em especial por svetlana tikhanovskaia, opositora ferrenha de Lukashenko que virou destaque neste fim de semana ao revelar que as eleições no país estão sendo fraudadas e a polícia está recebendo ordens diretas do governo para fazer os manifestantes pacíficos perderem a voz através da violência. Svetlana atualmente está na Lituânia após ela e sua família receberem ameaças de morte.

Mas como o esse país que até pouco tempo atrás não permitia sequer uma crítica ao governo local, se transformou em um barril de pólvora prestes a explodir em questão de dias?

Primeiramente precisamos conhecer o presidente Alexander Lukashenko, que assumiu o poder de Belarus em julho de 1994, dois anos após o fim do bloco soviético, e desde então é acusado de violar os direitos humanos no país, manter campos de trabalho forçado no interior da Bielorrúsia, coordenar assassinatos à jornalistas e fraudar as eleições diretas. Lukashenko nunca aceitou o fim da URSS e mantém a economia de seu país em linha socialista. Ao se ver pressionado para renunciar, recorreu ao presidente russo, Vladimir Putin, para uma possível intervenção militar de moscou em território Bielorrusso, Putin, mesmo aliado de Lukashenko, prefere outras saídas para a crise que em pouco tempo pode decidir o futuro dessa que é a última república ditatorial do leste europeu.

Embora a Rússia seja o principal parceiro comercial e diplomático, as pressões recentes lideradas pelo presidente Putin para reunificação dos dois países vêm desgastando a relação entre as duas nações. Em fevereiro desse ano, o Kremlin sugeriu a “incorporação da Bielorrússia em troca de energia barata”, nas palavras de Lukashenko. O país depende do petróleo e do gás fornecidos pela Rússia, e a proposta foi encarada como chantagem econômica. Sem acordo sobre a reunificação, a Rússia diminuiu a oferta de energia, e a Bielorrússia precisou recorrer ao petróleo de outros países, como a Noruega.



O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, vem sendo criticado por ser contra o isolamento social e espalhar notícias falsas sobre a cura da COVID-19

foto: M. Guchek/ Reuters


Dados atuais revelam que 69 mil Bielorrussos estão infectados com a COVID-19 e 610 pessoas já faleceram por conta da doença. Em uma declaração polêmica no início da pandemia, o ditador disse para as pessoas "tomarem vodka ou irem para sauna" para se curarem do vírus, comentário que obviamente causou uma repercussão negativa entre a população, que em sua maioria é favorável a um combate mais intensivo a doença, e a organização mundial da saúde, que não vê Belarus como um país confiável para lidar com a pandemia de forma correta.

A maior preocupação de Lukashenko é com a economia Bielorrussa, uma vez que o PIB do país está em crescimento por três anos consecutivos e o desemprego é inferior a 0,5%. Graças a essa obsessão com números, Lukashenko preferiu manter a quarentena flexibilizada, mesmo no auge da pandemia do coronavírus, e o uso não obrigatório da máscara em lugares públicos, algo que sabemos que é altamente necessário para o momento que estamos vivendo, o importante para o presidente era sem dúvida manter a economia funcionando mesmo com a moeda do país, o rublo bielorrusso, sofrendo uma desvalorização de 20% desde janeiro por conta de uma crise energética e uma queda nas exportações para a China, outra grande aliada do presidente Lukashenko.



A república de Belarus, cuja a capital é Minsk, já pertenceu a URSS e hoje, é a porta de entrada do gás natural e do petróleo para o resto do continente, isso demonstra a importância dessa nação e as sérias consequências da queda de Lukashenko.


Não vejo uma saída extremamente positiva para Belarus agora, o país lida com pressões tanto internas quanto externas e o povo sofrerá as consequências mais do que qualquer outro envolvido nesse xadrez político moderno. O fim da URSS deixou muitas heranças boas para esse país, tais como uma economia mais desenvolvida para os padrões do leste Europeu, hospitais públicos com atendimento de qualidade, liberdade étnica e religiosa e fábricas estatais com trabalhadores devidamente remunerados e respeitados. Claro que isso não é nenhuma novidade para um país com um histórico socialista, porém a questão política e a tensão ideológica hoje presentes em território bielorrusso deixou bem claro que a população quer um novo rumo para a nação, quer uma liberdade mais atenuada, muito além da identidade individual daquele povo, eles querem eleições mais confiáveis, menos perseguição política e quem sabe, uma aproximação ainda maior com a vizinha Rússia. O caso da Ucrânia pode ser um exemplo viável, com a anexação da criméia, os Ucranianos ganhariam mais autonomia ( já que a maior parte de sua população ainda é Russa ) e as fronteiras seriam mais seguras, servindo como pontos estratégicos para uma economia melhor, a Bielorrúsia aceitou fazer o mesmo porém não aceitou uma intervenção militar direta de Moscou, o que poderia ajudar a controlar o atual caos no país independente da renuncia ou não de Lukashenko. Acredito que a saída seria essa porém, mais difícil ainda, é decidir qual lado da moeda ganharia uma história, um futuro e uma chance positiva para esse quebra cabeça chamado Belarus.


Por: Lybia Abaaoud/Beatriz D'angelo


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